Muitos irão pedir o impeachment de Dilma. Eu acredito que impeachment é pouco.
Indo às ruas e reconhecendo iguais que, como eu, discordam do atual estado político do Brasil, penso que algo ainda pior poderia acontecer com a nossa presidente.
Mas não só com ela: com todos os nossos governantes que já trocaram a vergonha pelo cinismo.
Muito pior do que impeachment é o desprezo civil. A total insatisfação de um lado e o ligar do “foda-se” no outro. Nada mais fere um político do que a total desatenção. Pode ser, como diria Chico Buarque, a “gota d’água”.
Esse desprezo civil pode ser tão grande, tão ensurdecedor, que nem panelaços mais se ouvirão. Dilma sentirá saudade dos panelaços, na verdade, porque ao menos pertenciam a uma época em que lhe davam atenção.
A tendência é que o seu governo entre para a história como um dos mais ineptos do mundo, em que o Brasil perdeu a oportunidade de surfar na onda de crescimento dos países que saíram da crise de 2008 para investir num petróleo superfaturado e caro, extraído das profundezas da falta de ética e do oceano atlântico, uma verdadeira expedição espacial.
O brasileiro de bem é o que vai, afinal de contas, seguir produzindo e criando valor para que a economia gire. Independente do político de plantão.
O efetivo desprezo e a desobediência civil são muito maiores do que qualquer impeachment possa parecer.
A perda total da legitimidade de um governo é muito mais terrível de se lidar do que o impeachment. Talvez a renúncia seja uma saída muito melhor do que o desprezo geral da nação. Ao menos seria uma tentativa de se sair por cima.
O dia 15 poderá ensinar que História não se faz com propaganda. Mas com as pessoas. E com as ideias.
A minha ideia é apagarmos esses desgovernos de nossas almas e seguirmos em frente deixando que eles se destruam.
É só dar corda que eles se enforcam. É o que estamos vendo.