Waldomiro de Deus e a Liberdade

Hoje visitando o Conjunto Nacional, deparei-me com a obra de Waldomiro de Deus, esse pintor baiano atualmente expondo aqui na Av. Paulista.

Suas obras chamaram a minha atenção pela clareza e pela liberdade. Disposta de forma sensacional no Conjunto Nacional, suas peças maiores têm grande valor simbólico e retraram com sinceridade e simplicidade o que os olhos já não podem mais negar.

Por tanta certeza do seu olhar, ele resolveu pintar. Abusando das cores fortes do Brasil, especialmente do céu azul da Bahia, ele abusa da cor. Não por aproximar a terra do paraíso, mas sim para contrastá-la. Enxerga nos homens a igualdade, que coloca em seus olhares, ainda que tenham peles de tonalidades diferentes.

Nesse quadro, criador e criatura se colocam como sinceridade. Ao fundo, os anjos, os cidadãos brasileiros, inocentes, enquanto abaixo dele os engenheiros de todas as artimanhas do nosso símbolo maior da corrupção. “O petróleo é nosso”, dizia Getúlio Vargas, mas todo o resto também. Sua obra é cheia de senso crítico.

Não por acaso, o artista me confessou que acabou de retornar de Cuba, onde expôs sua obra. Instado sobre se havia também exposto o quadro do post abaixo, o Esperando a Liberdade, crítico à vida cubana, ele deixa claro que não: “Lá, se tivesse exposto esse quadro, eu poderia ser morto”. E coloca, na arte, com as suas mãos, a verdade que muitos não querem ver.

Mas as verdades estão lá, expostas em tintas, acrílico sobre tela hoje, mas que já foi guaxe em cartolina. O artista não teve preocupação com os meios para chegar à sua obra. E a entrega a quem entende o seu fim: procurar a liberdade para, com ela, podermos chegar a alguma verdade, já que a verdade total é desconhecida.

Se ela é desconhecida, é fato que, para ela existir, ditadores não podem submeter o povo às suas vontades. Ele enxerga, aliás, que o Brasil está no caminho do comunismo. Ele entende que há, em alguns grupos, a intenção de armar-se algo diferente. Defensor da liberdade, ambém sabe que essa verdade está à beira de nossas vias, nas nossas caras, e mesmo assim tendemos a ignorar que, enquanto o povo se desarma, algumas pessoas estão estrategicamente armadas, pensando em outros tipos de reforma política.

Conclui-se, da obra desse apurador da verdade, que ela é necessária para mostrar os fatos que andam se perdendo. A verdade pelas letras, infelizmente, não está acessível a todos. Mas por imagens, algumas verdades podem atingir mais corações e mentes. Sabe-se que nada é feito por acaso. A verdade tem efeitos colaterais.

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